Tomografia revela detalhes inéditos de fóssil de 260 milhões de anos no RS
07/09/2025
(Foto: Reprodução) Rastodon procurvidens, espécie que teve fóssil digitalizado em 3D por cientistas da UNIPAMPA e do Museu Nacional
Arte/Márcio Castro
Pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e do Museu Nacional, ligados à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conseguiram revelar detalhes inéditos da biologia de um dicinodonte, grupo extinto de animais parentes dos mamíferos, da espécie Rastodon procurvidens.
O fóssil, encontrado há cerca de 10 anos na região de São Gabriel, na Região Central do RS, passou por uma tomografia computadorizada de alta resolução.
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Com isso, foi possível observar pela primeira vez o interior do crânio e dos ossos do herbívoro – já que ele foi fossilizado com a boca fechada, o que impedia pesquisadores de analisar detalhes do céu da boca e da mandíbula.
“O Rastodon estava literalmente com a boca fechada há mais de 250 milhões de anos. Com a micro-tomografia, conseguimos abri-la e revelar detalhes incríveis da sua história evolutiva”, destaca João Lucas da Silva, paleontólogo da UNIPAMPA que liderou o estudo.
O estudo, publicado no Zoological Journal of the Linnean Society, contou com a colaboração de cientistas da North Carolina State University e da Princeton University, nos Estados Unidos. O estudo permitiu que novidades sobre o fóssil fossem descobertas, como:
Detalhes de como eram certos ossos do crânio e do restante do esqueleto pela primeira vez;
Confirmar que se tratava de um jovem adulto. apesar de seu pequeno tamanho;
Reposicionar o Rastodon na árvore evolutiva dos dicinodontes, mostrando que ele pertence a Reforçar o papel da América do Sul como um importante palco para a origem e diversificação desses animais antes do surgimento dos dinossauros.
Resultado da tomografia feita em fóssil de Rastodon procurvidens
Reprodução
Descoberta reposiciona espécie pré-histórica
O Rastodon procurvidens se destaca por suas presas curvas voltadas para frente, diferente do padrão do grupo, que geralmente apresenta presas voltadas para trás. Ajudou na análise o fato de o fóssil estar muito bem preservado, apenas sem a parte posterior da coluna vertebral e da cintura pélvica. Veja detalhes abaixo.
Tomografia feita em fóssil de Rastodon procurvidens mostra como seria a espécie
Reprodução
A espécie viveu durante o final do período Permiano, há mais de 260 milhões de anos, no que é hoje a região norte de São Gabriel.
Segundo Felipe Pinheiro, professor da UNIPAMPA, "o tamanho pequeno de alguns dicinodontes e seus hábitos de vida ajudam a entender por que o grupo sobreviveu à extinção Permo-Triássica".
Voltaire Paes Neto, do Museu Nacional, celebra que "tecnologias modernas estão permitindo revisitar fósseis já conhecidos e extrair informações surpreendentes, sem danificá-los”.
Arte mostra como seria o parente dos mamíferos conhecido como Rastodon procurvidens
Arte/Márcio Castro
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